A casa do meu pai é feita de objetos imateriais. Cada restolho guardado é a representação simbólica de uma memória que não quer ser esquecida.⁣ ⁣ Ao todo são quatro barracos que compõem esse museu de lembranças íntimas. 305 m² de objetos reaproveitados em meio à natureza.⁣ ⁣ O primeiro…

Eu ouvi de novo, mas fiquei pensando que eu também precisava falar e me sentir ouvida. Há o momento. E há o lugar. Pra leitura, o momento e o lugar são sinônimos de conforto. Contraditoriamente, vivemos um dos momentos mais desastrosos da história mundial. E o desconforto parece interminável. O que fazemos durante esse processo? Como lidamos com os lugares que ocupamos considerando que espaço é um aspecto fundamental nesse processo pandêmico?

Eu colhi suas falas pra chegar aqui. Eu ouvi atenta e silenciei um pouquinho, para ouvir por dentro e ouvir melhor. O resultado é conclusão minha. Pode ou não ser a mesma que a sua. Eu escolhi falar e ouvir pra ver se o mundo muda. Pra ver se a gente muda quando se escuta. E quando fala. Eu escolhi ler porque preciso de uma fala e escuta interna e particular. Porque pra mim faz sentido. Porque sou cética, ateia e pessimista, mas tenho fé no poder da leitura.

PARTE 3 de 3 Findemos esse preâmbulo. Eu sou neta e sobrinha de professores de português. Meu tio era também poeta. Eu sou filha de uma professora de Artes. Meu universo foi construído sob os pilares da subjetividade. Leram para mim. Eu lia por prazer, por fruição, por gosto. O…

PARTE 2 de 3 Eu acredito na educação pelo diálogo. É preciso que se diga que ele não se dá apenas pela palavra. Tem cheiro, gosto, rosto e som. Tem corpo. Tem história. Tem você e tem o outro. Tem alteridade. No meu entendimento, educação se constrói na relação e…

PARTE 1 de 3 Eu tenho fome de escola. Depois de um ano de interações virtuais com a comunidade escolar, sinto que perdi a força (e a há esperança, há que se dizer). Em especial porque quando digo “comunidade escolar”, quero dizer, os servidores. Não há como negar que o…

Aconteceu ontem à noite. Abri um vinho e Cinderela bateu à porta. Deixei que ela entrasse. Nem disfarçou. Chegou sem pudor, como se não lembrasse que não era convidada há tempos. Pior. Ela não tinha envelhecido em nada. Mesmíssima figura. Saltitava, a coitada. Os olhares estranhos nem eram notados. …

Eu preciso começar. Não que seja dolorido, mas penso que sou sempre insuficiente. E assim sendo, nem o início se sustenta. Vai então um texto metalinguístico, que pode ser um bom lugar pra uma largada. Cada vez que penso em escrever, penso no outro. Como todos, é claro. Penso nos…